sexta-feira, 8 de março de 2013

Castigo e negociação. Qual o melhor castigo?


A propósito de uma reportagem muito interessante sobre a Coreia do Norte, os EUA e a Coreia do Sul na CNN (vale a pena ver).    coren-nkorea-sanctions.cnn 

A ideia é o castigo corrigir quem fez alguma coisa incorrecta.  Só que a maior parte das vezes os castigos são dados:
A crianças por hábito dos pais (tipo de castigo que os pais lhes davam ou que amigos dão)
Nos colégios por regras
Nos adultos por leis
Entre países quase por história e leis, os embargos económicos são exemplo disso.

O problema é que cada caso é um caso e o castigo devia ser adaptado.

Nas crianças de filho para filho o tipo de castigo tem efeitos diferentes logo deve ser alterado.  Quando estava a educar os meus filhos em pequenos, certo castigo criava mais revolta do que surtia efeito e então procurava adaptar e dar um castigo que ele percebesse o que eu queria que ele corrigi-se.  Nem sempre se consegue.  

Existiam castigos já tão batidos que amigos dos meus filhos já não ligavam nenhuma ao castigo.  Por vezes quando os miúdos são traquinas, eles habituam-se a viver com o regime de castigo e já não surtem o efeito desejado.  Os pais cansados já também não pensam em alterar as regras e muitas vezes já não sabem que castigo dar para os filhos aprenderem e acabam por não conseguir corrigir aquele comportamento do filho.

Ao ver a reportagem sobre o problema da Coreia do Norte estar a responder com ameaça de armas nucleares às restrições que as Nações Unidas estabeleceram ainda mais rígidas que as anteriores, apercebi-me que realmente o castigo é um problema a todos os níveis.

Gostei imenso de ouvir falar o Prof. Chung-in Moon, da Universidade Yonsei, porque procura explicar que este tipo de castigo com os Norte Coreanos não resulta e só piora e que os Estados Unidos com o novo Secretário de Estado podem conseguir voltar à mesa das negociações.  Outros têm outra opinião, porque acham que se os EUA agora fizer alguma coisa os norte coreanos vão achar que conseguiram fazer os EUA ceder e ganham mais força. Achei muito interessante.

Os embargos que os EUA fizeram a Cuba não conseguiram melhorar nada.  Por vezes é o final da linha de uma negociação que leva a castigos não eficientes.

O castigo nas crianças é pedagógico mas acaba por ser uma arma de negociação. Castigando, queremos levar os nossos filhos a corrigirem os seus comportamentos e portanto se eles repetem a asneira e por vezes até ficam zangados porque não percebem o que queremos, continuam a errar, por vezes ficam revoltados e sentem-se injustiçados, sinal que o castigo não é o certo. 

O castigo e o seu resultado é realmente um ponto muito importante a todos os níveis e deve ser muito bem pensado para ser eficaz e justo de forma a não criar problemas colaterais e muitas vezes mais graves.

Só tinha pensado nos castigos aplicados à educação e este artigo fez-me relacionar e lembrar de alguns castigos utilizados ao longo dos tempos e o como é importante este assunto até a nível político e social.

A punição e a negociação relacionam-se, e estudar as duas deve ser importante para chegar mais longe e conseguir que ambas as partes consigam continuar a interagir.  Realmente um bom negociante não quer fazer só aquele negócio mas quer continuar a poder fazer mais negócios com aquele cliente. E quem tem que aplicar uma sanção só se a negociação correr mal é que aplica uma sanção que quebra qualquer relacionamento futuro.  As negociações tornam-se um equilíbrio de medidas tomadas de forma a o outro não se sinta punido nem injustiçado. E isso é muitas vezes difícil de conseguir.

Noutros casos que não políticos já antes da punição as crianças se sentem injustiçadas e por isso já nem percebem o objectivo do castigo.  

Muitas vezes os ambientes já estão tão "viciados" que qualquer acção que se faça é vista de uma maneira deturpada e portanto não é bem recebida. Em certos ambientes a desconfiança mina o caminho para uma boa negociação e os castigos são mal entendidos e então a raiva cresce e tudo fica comprometido.

No fundo é saber se cada castigo incentiva a cooperação ou o conflito e em que medida e quais devem ser aplicados.

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